terça-feira, 26 de outubro de 2010


Que serei eu assim vivendo sem ti?

Se o meu amor exacerbado é tão retumbante

quanto o léxico dos sonhos contigo;

Dormir, sonhar, acordar...tanto faz...

Se a tua imagem não sai do meu semblante

Ela roubara todos os meus pensamentos

E antes eu, que era o que pensava

Agora vivo com o âmago à espera do teu amor;

E mesmo sabendo que nunca poderei ser correspondida

Prendo-me a estes teus braços, que me carregam dia e noite

na ilusão constante em que vivo.

Viver assim, com esse paradoxo de sentimento platônico,

com toda essa ideologia errônea que não me satisfaz...

Minutos passam e o meu desejo continua sem resposta

Mas mesmo assim, seguirei com esta prosopopéia sonolenta

que me acalenta veemente.

Marília Félix

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Apenas vestígios



Em meio às vozes que me mandam calar...
E essa noite que recolhe minhas aspirações mais ternas...
São tantos os motivos que me pedem para tirar de mim o que na prática nunca pode ser meu!
Ontem querer-te me fazia entoar as notas mais suaves, me fazia fechar os olhos, me agitava a respiração.
Teu semblante era a imagem que me vinha à mente ao despertar, tua voz era o som que renovava minhas esperanças em todas as fases do luar.
Quanta coisa mudou!
Hoje tua presença estremece meu corpo, mas não com agrado, e sim como uma onda que te quer longe, cada vez mais longe.
A razão zomba de mim, pois a abandonei no meio do caminho, quando tudo o que diz respeito a ti abalava meu mundo com encantos.
Sei que o sentimento que meu peito guarda com esmero não é o bem maior, não é amor. O amor não encarcera a alma, o amor não detém os passos de quem busca construir algo bom. E isso, eu sei, não é amor.
Sinto que amanhã não restará sequer uma gota desse mar que me consome, o nó da garganta desaparecerá e respirarei aliviada.  As belezas concretas se encarregarão de jogar ao vento os caprichos de um sonho que passou.


Rogna Costa