sábado, 17 de abril de 2010

Olhar além



A aurora desperta reluzente como quem tem algo bom para me oferecer, me lança forças que andei buscando em outras atmosferas cativantes, mas descontentes.
Passos tortuosos foram dados, espinhos me feriram deixando marcas que só agora começam cicatrizar, com o soar dos ventos que anunciam uma nova canção.
Joguei sementes por onde firmei minh’alma. Colhi os frutos amargos e eis o tempo que os frutos doces enchem minhas mãos.
Ah, se esse momento pudesse eternizar! Mas não teria graça, a luz em excesso incomoda. Às vezes, é preciso o vazio, a penumbra, para almejarmos as coisas simples, que podem nos tornar radiante a cada dia, dependendo do olhar que se derrama.
É tosco para quem não enxerga além, para quem não sente o querer, para quem não se dá inteiramente.
E quando a existência parecer insignificante, olharei novamente para o horizonte e lembrarei de que a inércia não faz parte dessa trama, que muitas ‘águas irão rolar’ e o melhor ainda está por vir.



Rogna Costa

sábado, 10 de abril de 2010

Devaneio



No caminho fatigante de erros inocentes, de idas e vindas, a sombra de um ser perpetua mesmo na ausência, mesmo na carência dos sentidos.

Nessa trilha, uns chegam, alguns chamam, outros passam e um invade, invade como se a casa fosse sua. Mas é prazeroso, arrebatador.

Dizia tudo, me dava o mundo, me fazia transbordar da mais singela euforia. Surgiu do nada e por nada se foi; na verdade, nem sei se existiu.

Ao menos em mim estava presente, porém distante. O que nos unia era uma ponte que tornou-se abismo, já que o alicerce era fraco, era ilusão.

Tudo poderia ser diferente! Se não fosse por mim e por você, se tivesse sido por nós! E como a brisa que vai levando a suavidade da manhã o tudo se perdeu.

Mergulhei na alegria incerta de te ter comigo, ainda sem matéria, fazendo-se apenas de palavras. Agora acordei e nem sei em que parte te escondes aqui.


Rogna Costa 

quarta-feira, 7 de abril de 2010

História de alguém


Quando se aceita, aceita se permitir a dar sua vida nas mãos de outrem, sem se quer percebe tudo o que isso pode envolver.
Aí vem saudade, vem compromisso, vem o horário, os ganhos, as percas. Quem garante que dará certo? O que nos prende?
Arriscar se entregar inteiramente, desejar mesmo sem poder sentir, o toque, ouvir as palavras censuradas, sussurrar desejos inacabáveis.
Todo um mundo de formas, de tentações veementes, perdições intermináveis e intensas, que dominam meus pensamentos.
Um mundo fora do meu. Em qual devo ficar? Quem poderá me dizer o melhor lugar?



Patrícia Fausto