domingo, 26 de outubro de 2008
Ninguém é de Ferro
Se ao teu lado tens alguém
Que está contigo em qualquer momento
Seja de festa, seja de dor
Seja de trevas, seja de luz
Mas não te sorri sempre
Porque expressa seus próprios sentimentos
Nem te agrada sempre
Porque expressa suas próprias opiniões
Alegra-te porque
Esse alguém é teu amigo verdadeiro
E está preocupado contigo
Com os caminhos que resolves tomar
Pense duas vezes
Antes de desfazer-te desse alguém
Antes de cometer um erro irreversível
Antes de magoar demais
Porque ninguém é de ferro
E apesar de incapaz de odiar
Dificilmente poderá reatar contigo
A confiança e a liberdade perdidas
Toni Martins
domingo, 19 de outubro de 2008
T EM P EST AD E
Dar porrada ou “levar no grito”
Pode ser que intimide
Ou incuta medo no outro
Te dando um ‘reino’ pleno
Será um reino construído em terreno minado
Chão fértil para a covardia e a traição
Para a violência e a cobiça
Para tempos fúnebres
Pode que reines por séculos e séculos
Porém o fim será certo
E a tragédia, sua companheira
Decapitando o que terás produzido
Alguns, quizás
Te lancem flores
Mas ninguém poderá avaliar
O que esconde esse ato
Será reverência ao teu nome?
Ou a expressão do desejo
Que se ocultou no tempo
De um: que o diabo te carregue?!
Se queres, portanto, a glória
Pisando quem te rodeia
Não esperes colher vento
Na tempestade que se avizinha
Toni Martins
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Quarta-feira
sinto voar em mim sentimentos sólidos
Não tão difíceis de decifrar.
Toda vez que te falo coisas banais
Ao fundo quero declarar
ilusões de maneiras não tão normais.
É tão fácil esconder
alimentando soluções.
E aos poucos você vê
que perdeu a razão.
Eu não quero mais ficar procurando ninguém
sei que está em seu olhar
tudo o que mais me convém.
E assim longe dos sonhos
vou tentando me montar
inventando mil motivos
para em ti meu pensamentos não morar
'Não bastou de sonho,
em que eu era a única de olhos fechados.'
Patrícia Fausto
Tradução de um poema catalão
Para cada mulher forte cansada de aparentar debilidade, há um homem débil cansado de parecer forte
Para cada mulher cansada de ter que atuar como uma tonta, há um homem agoniado por ter que aparentar que sabe tudo
Para cada mulher cansada de ser qualificada como a “fêmea emocional”, há um homem a que se lhe há negado o direito de expresar os sentimentos e ser delicado
Para cada mulher catalogada como pouco feminina quando compete, há um homem obrigado a competir para que nao se duvidem de sua masculinidade
Para cada mulher cansada de ser objeto sexual, há um homem incapaz de desfrutar do sexo, preocupado por sua potência sexual
Para cada mujer cansada que se sente presa a seus hijos, há um homem a quem se lhe ha negado o prazer da paternidade
Para cada mulher que não teve acesso a um trabalho ou a um salário satisfatório, há um homem que há de assumir a responsabilidade econômica de um outro ser humano
Para cada mulher capaz de ter cuidado de outros, há um homem que está descubrindo o gosto por cuidar
Para cada mulher objeto de violência por querer ser livre, há um homem capaz de dar-se conta de sua raiva interior e mudá-la
Para cada mulher objeto de violência por querer ser livre, há um homem que quer sair do espiral desta violência
Para cada mulher objeto de violência por querer ser livre, há um homem capaz de denunciá-la
Para cada mulher que dá um passo a diante para sua própria libertação, há um homem que descobre o caminho para a liberdade
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Paixão & Amor
Apaixone-se quantas vezes o coração mandar
Mas não esqueça que paixão não é amor
E que há amores falso e verdadeiro
E mais:
Que o verdadeiro
Também é eterno
A paixão é encantamento
Desejo de conhecer
De provar
Descobrir
É um momento de delírio
Uma febre
Um sonho
Um êxtase
Consome nosso pensamento
Nosso tempo
Nossas idéias
Nossos planejamentos
Ela surge do nada...
Um olhar
Um sorriso
Uma fala
Um não sei quê
E desmantela nossa organização
Como um furacão a toda velocidade
Porém
Do jeito que vem
Se vai também
Porque a fugacidade
E a fragilidade
São da sua natureza
E logo, logo
Vem outra
E começa tudo outra vez
(...)
O amor [verdadeiro]
É o encantar-se lentamente
No dia-a-dia
No estar juntos
Nas palavras não ditas
Nos gestos espontâneos
No 'dar-se' gratuitamente
Está também nas diferenças
Nas brigas necessárias
No reclamar os direitos
No pelejar pelas coisas pessoais
(Porque o individual também conta)
É um sentimento construído no tempo
E não se deixa levar por qualquer brisa
Ou tempestade
Porque as brechas na relação
São corrigidas com o diálogo
Com o 'passar a limpo'
Você é parte do outro
Que é parte de você
E um fortalece o outro
Sem deslealdades
Por isso
Apaixone-se como um louco
E ame profundamente
Toni Martins
Contribuição
Toda paixão é sempre a primeira.
domingo, 12 de outubro de 2008
Amo minha Catingueira
Acordava incomodado
Me ajeitando como dava
Longe do centro da rede
Me atrepando em sua beira!
(O meio tava mijado)
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
De manhã não agüentava
Pulava da rede fria
Fedorenta e remendada
Que eu agüentava a noite inteira!
Se sonhei, não tô lembrado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Minha irmã dizia Tõe
Levante, que tá na hora!
E eu pensava:
É brincadeira!
Eu queria tá deitado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Depois de muito muído
E do café com bolacha
Carregava água de lada
Das que de cabo de madeira!
Pense num peso amuado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Enchia as vasilhas d'água
E partia pra pescar
Com gôgo, anzol e vara verde
Ajeitada na peixeira!
Era fraco o resultado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Quando não tinha trabalho
Então eu ia brincar
Com os irmãos e os colegas
Até que o dia anoitecera!
A rede, o sol tinha secado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Da escola o que eu queria
Era comer a merenda
E arrodeá-la todinha
Feito bicho de carreira!
No fim do ano, reprovado
E a apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
O que eu queria aprender
Era não ter que buscar água
Pescar um peixe do grande
E brincar a 'vida inteira'!
Mas isso não era ensinado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
No dia de ir-me embora
Minha alegria era tanta
Que sequer olhei pra trás
Embalado na ladeira!
Sentia-me 'libertado'
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
E hoje penso em voltar
Não por arrependimento
Ou falso amor à cidade
Nem intensão politiqueira!
O dia vai ser pensado
E apesar de agoniado
Amo minha Catingueira
Vítimas
A cada instante eu tentava me enganar
Pensando que aquilo fosse uma ilusão
No momento não conseguir imaginar
Se isso vai ser minha queda ou minha superação
O que eu queria era apenas te ter
Deixar de ser ‘ninguém para ninguém’
E passar a ser alguém pra você
Então me mostre agora o que convém.
A verdade é que eu não consigo me conter
Com tanta coisa para expressar
Como posso reprimir o que sinto por você
Se você não teve culpa das palavras ditas
Apenas fomos vítimas eu de você e talvez você de mim
As coisas não são tão reais para mim
Por isso às vezes tento me enganar
Não sei se vivo o começo, meio ou fim
Só sei que eu fiquei perdida com esse teu olhar
Nem as palavras mais profundas demonstram
O sentimento que em mim habita
Mas pra você nada disso importa
Pois simultaneamente somos vítimas
Fabiana Alencar
sábado, 11 de outubro de 2008
Sexta - feira
Quis me sentir...
Como seria se eu tivesse sido forte
Naqueles dias?
Foi difícil...
Mas ninguém viu mesmo!
Era pra mim?
Ou pra ele?
Ou pra ninguém?
Como seria?
Viajando, sonhando, vivendo...
Os domingos seriam azuis
É tarde...
Não pensei que poderia
Pensar
Não achei que o amor fosse semente
Somente sentir-se bem!
Mas era...
Era árvore
Mas cortaram
Era semente
Mas eu não deixei florescer...
A minha culpa é igual?
Vou apagar ou lembrar disso
Até o fim?
Que estranho!
Despedidas com cara de boas - vindas...
Tudo aconteceu
Mas não no seu tempo
Vivi no passado
E agora o futuro é só uma lembrança...
Porque foi assim?
Foi o melhor?
Ou apenas meu orgulho melhor?
É estranho!
Beijos, lágrimas, música
Deus...
foi pra mim?
Ou pra ninguém?
Pra ele talvez...
Como eu fui pra mim...
É só deitar...
Amanhã o dia é novo
E os sentimentos
Ninguém saberá
Amanhã é novo
Não sei se vou apagar...
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Um "salvador"
Passaram-se as eleiçoes
E tantas outras passaram
E ainda passarao
Quem entrou está entrado
Quem ficou está ficado
Mas nao ficou amarrado
E tem que partir pra açao
Se a miséria aumentar
Castigando com a fome
O nosso sofrido povo
Nao será só o político
Que se plantou paralítico
Sem tentar nada de novo
Será a falta de açao
De toda sociedade
Que espera um "salvador"
Como se fosse um prefeito
Ou um vereador eleito
O nosso Cristo Senhor
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
A serra da Catingueira
Ao amanhecer o sol debruça-se sobre a tua beleza,
Em um gesto delicado de tamanha inclinação;
Tua formosura nos limpa os olhos, ó mãe natureza;
Resplandecendo a sua magnitude, seja no inverno, seja no verão.
A chegada a ti às vezes é cansativa,
Mas o esforço é compensado ao contemplarmos o teu esplendor;
Tua beleza singular é o que mais nos cativa;
Filhos ausentes desta terra rogam para a chegada de Janeiro para sentir o teu calor.
Os teus cruzeiros alimentam-nos a devoção;
Em tuas cascatas nos banhamos e agradecemos ao criador;
És o cartão de visita da festa de São Sebastião,
A pupila dos nossos olhos de inestimável valor.
A ti a nossa infinita gratidão, por nos proporcionar tamanha felicidade;
Sem ti Catingueira jamais seria a mesma, hoje agradecemos a Deus por ti, oh! imensa preciosidade.
Fabiana Alencar
Flores
Fazei-me como flores
Que encantam uma criança
Que o vento com sua delicadeza balança
Por entre os brilhos dos seus olhos
Flores nas páginas dos mais doces livros
Das lindas canções que o tempo escondeu
Das lamentações que na vida ocorreu
Dos campos que não vaguei
Dê-me flores
Carregarei em suas dores
Todos meus sonhos
E nos meus sonhos
Voarei e encontrarei seu sublime sentido...a simples beleza de existir.
Patrícia Fausto
Além do fim
Impossível seria se as soluções fugissem,
se a sorte ausentar-se, se nada nos sobrasse.
Mas ainda temos soluções, fatos e sorte.
Presos por atos inexistentes, o caminho é longo.
Não suporto isso dentro do meu ser,
as nuvens se escondem cada vez mais,
Nossas almas latejam.
A ansiedade abre a imaginação para um infinito
de sonhos.
Minha força encontro no ar, sigo e não quero
desistir.
Vou me construindo diariamente.
Amor, isso que procuramos, isso que temos,
isso que encontramos, isso que nós perdemos.
Qualquer sofrimento é válido, não existe limitações
de esforços.
Por esse sentimento, quero ir além do fim.
Patrícia Fausto
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Se queres saber de mim...
Se queres saber de mim
Escutai o meu olhar com o ouvido do coração
Sentí a sonoridade da intenção gesticulada
Seja quando a gente briga
Seja quando a gente goza
Meu olhar é minha alma
O meu falar sem as palavras
Meu dizer simbolizado
Meu fazer intuitivo
Meu olhar é parte do contexto dialogal
Se situa entre a fala e o silêncio de nós dois
Busca desesperadamente encontrar-te em meio ao caos
E acordar novos caminhos
E reconstruir o fio que liga as nossas vidas
Meu olhar reclama o amor que declaramos um ao outro
Nas confidências confiadas em momentos prazerosos...
Os cafunés do tempo livre no sofá nossa sala
As nossas falas sonhadoras inventando o futuro
O sentir-nos companheiros em desabafos reprimidos
O sentir-nos corpo a corpo, tocando as nossas almas
O entregar-nos plenamente, superando nossos medos
O encontrar-nos plenamente, depois da nossa entrega
Se queres saber de mim
Escutai o meu olhar
Com o ouvido do coração
AMIZADE SINCERA
A amizade sincera é um santo remédio