Muitos anos se passaram
Desde que via no espelho
Das águas doces do açude
A escassa esperança de seguir em frente
Aquelas doces águas
Banhavam a amarga vida
Daquele pobre menino
Aquele menino pobre
Apostava sua vida
Na busca de uma suvela
Ou "se Deus ajuda..."
Uma traíra
Mas no final da pescaria
Só piaba e piau sabao
Enfileirados na furquilha de perero
Que pendia de sua mao
Um certo dia o menino
Surpreendido por um habitual 'passamento'
Quase fez daquelas doces águas
Seu amargo sepulcro
Seus irmaos o encontraram
Boiando, inconsciente
Entregue ao envolvente abraço daquelas águas
Fonte de vida e, por pouco, de morte
Hoje
Tirado dos braços da morte
Aquele menino é um homem
Que 'tornou' da inconsciência
E sobreviveu
E vem falar dos tantos meninos
Que 'boiam' nos açudes e ruas
De Catingueira
Esperando um resgate
Pra 'tornar' do seu 'passamento'
E escapar do doce abraço
Da marga morte
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